Crianças francesas não fazem manha é um grande sucesso em diversos países e teve sua primeira edição lançada em 2013. No livro, Pamela Druckerman desvenda os segredos dos parisienses na criação dos filhos, “espirituoso, conciso e repleto de bom senso, o livro oferece uma mistura de dicas e princípios vitais para ajudar os pais a encontrarem seu caminho”.
Há alguns meses, recebi da editora Objetiva os dois volumes: Crianças francesas não fazem manha e Crianças francesas dia a dia. A diferença entre eles está na abordagem mais prática e direta do segundo livro, funcionando como um guia de dicas retiradas do primeiro volume. No primeiro, a autora relata um pouco da sua vida pessoal, da sua mudança para Paris, entre outros acontecimentos. Lá ela percebe que os franceses conseguem equilibrar a vida pessoal, o casamento e a maternidade de uma forma bem harmoniosa e simples. É um livro bem bacana e tem uma leitura leve. Gostei e recomendo ambos os volumes.
Ao ler, fui percebendo que várias das coisas descritas no livro, eu já fazia, por intuição, por bom senso ou por instinto mesmo.
O que eu mais gostei, porém, é justamente do conceito de que os filhos não devem ser o centro de toda a atenção, que todos na família têm sua importância. E de que nosso lado materno/paterno não deve sufocar nosso lado mulher, homem, indivíduo. Falei disso neste post, lembram?
Fiz várias anotações enquanto lia e aqui estão as dicas que mais gostei e algumas considerações minhas sobre cada uma delas:
Dicas gerais e valiosas
– Se a vida familiar gira em torno apenas dos filhos, ela não será boa para ninguém, nem para eles. Todos são igualmente importantes.
– Cada criança é diferente e mesmo as regras precisam ser quebradas de vez em quando. Tudo precisa ser adaptado.
– Aprenda a observar seu bebê, isso é muito importante. Aguce sua sensibilidade, a fim de se tornar cúmplice dele, em cada passo, cada conquista.
– Não minta para seus filhos. Decepções e tristezas fazem parte da vida, que não é nem precisa ser perfeita. Quando algo estiver errado, explique a eles. Mesmo que não queira dar maiores detalhes, mas admita que algo não está bem.
– Seja educado, dê o exemplo. Diga por favor, obrigado, bom dia, enfim, seja cordial sempre. Seus filhos aprendem com você a cada ação sua.
– Dê limites com amor. “É preciso amor e frustração para a criança se construir”. Para todos nós, não é?
Você gestante
– Uma gravidez tranquila contribui para um bebê tranquilo. (falando por mim, posso dizer que isso se refletiu como verdadeiro nos meus dois filhos – Mel é agitada, Leo é tranquilo).
– Quanto menos peso você ganhar ao longo da gestação, mais rápido retornará ao seu peso de antes.
– Não deixe sua sexualidade esfriar. Você será mãe sim, mas continuará sendo mulher, acima de tudo.
Sobre estimulação e desenvolvimento
– Trate seu bebê como uma pequena pessoa racional e com sentimentos, desde o início. Nunca subestime a sua inteligência e confie na sua capacidade e autonomia.
– Não se preocupe em estimular seu filho o tempo todo, desde bebê. Ele já tem um grande trabalho a fazer com tudo que precisa ser aprendido a partir do momento em que vem ao mundo.
– Para crianças menores de 6 anos, é mais importante desenvolver habilidades como concentração, relacionar-se com os outros e empatia, do que ler e escrever, por exemplo. Essa é a base de tudo.
– Você precisa relacionar-se com adultos para manter sua sanidade, logo, crianças precisam relacionar-se com outras crianças, também.
Sobre rotina e sono
– Introduza lentamente uma rotina na vida do bebê. Crie um ritual do sono, para sonecas diurnas e para o sono noturno.
– Aprenda sobre os ciclos do sono (falei deles aqui)
– Bebês se movimentam e emitem sons enquanto dormem. Aprenda a observar e não intervenha imediatamente.
– Não espere que tudo funcione perfeitamente logo de cara. Isso leva tempo e requer paciência e observação.
Sobre alimentação
– Depois do leite materno, faça com que legumes e verduras sejam o primeiro alimento do bebê. Prepare algo saboroso, com cor, bonito aos olhos. Assim você contribui para a formação do paladar e de uma alimentação saudável.
– Fale mais sobre comida, sempre de forma positiva. Deixe que as crianças ajudem no supermercado e no preparo das refeições, para despertar seu interesse pela comida.
– Crie a regra de que seu filho precisa ao menos experimentar novos alimentos, mas sem forçar. Ele deve aprender a gostar de comer e isso acontece gradualmente.
– Nunca use comida como recompensa mas não trate o chocolate como vilão. Os alimentos que consideramos “besteiras” não precisam ser abolidos e erradicados do mapa, apenas devem ser esporádicos (na minha humilde opinião).
– Bebam água. Suco é para o café da manhã ou o lanche da tarde.
– Não demonstre uma ansiedade exagerada para que seu filho coma verduras e legumes, por exemplo. E não exagere nos elogios e comemorações. Mantenha apenas a positividade e lembre-se sempre de que comer não deve ser uma obrigação e sim um prazer.
Você, mulher, indivíduo, ser humano e o casamento
– Mantenha um equilíbrio nos diversos papéis que você tem em sua vida. Mulher, mãe, profissional, esposa, entre tantos outros.
– Dirija sua paixão e energia para outras atividades, além dos seus filhos e de suas necessidades. Mostre a eles que suas funções vão além da maternidade e não abra mão da sua vida. Você também tem que ser feliz.
– Lembre-se que mãe perfeita não existe porque, afinal, somos todos imperfeitos por natureza. E isso é bom, traz aprendizado e nos torna diferentes uns dos outros.
– O casal deve reabrir espaço gradualmente para o seu relacionamento depois da chegada do bebê. Não esqueçam de vocês porque os bebês não chegam para substituí-los. Chegam para somar.
– Se possível, faça com que a noite seja um momento dos adultos. Vocês precisam de um tempo a sós.
– Não se contradigam na frente das crianças. Sejam cúmplices na educação deles.
– Pode parecer tirano, mas você é o adulto, logo, você decide. Mas lembre-se sempre de dar opções para que eles tenham a oportunidade de escolher, dentro daquilo que você propõe.
– Nunca pergunte o que uma pessoa que fica em casa cuidando das crianças fez o dia todo. É bem óbvio!
Sobre paciência, aprender e ensinar
– Para que a criança aprenda a esperar, deve aprender a se distrair. Ela precisa entender que não é o centro do universo.
– Diminua o seu ritmo e demore um pouco mais para responder. Não largue o que está fazendo imediatamente – a não ser que seja algo realmente urgente.
– Mostre educadamente que está ocupado e apenas diga “espere um pouco”. Nem que tenha que repetir isso diversas vezes. Paciência é treinamento, para ambos, lembre-se.
– Da mesma forma que não gostamos de ser interrompidos, as crianças também não devem ser. Cada um deve ter seu espaço e eles devem ser respeitados.
– Trate a frustração como uma habilidade crucial para a vida, porque realmente é. Mostre que compreende seu filho e seja solidário nos momentos em que ele se frustrar com algo que não aconteceu como ele esperava.
– Birras não mudam regras. Não ceda apenas para cessar o choro (e isso vale para aquelas birras no shopping, no supermercado, enfim, em público).
– Ao receber tarefas importantes, as crianças aprendem sobre responsabilidade. Confie na capacidade deles.
– Crie uma espécie de moldura, onde a base, o acabamento e os limites são seus. Mas quem escolhe como irá pintar o quadro, as cores, as formas, é seu filho.
– Proteger seus filhos é diferente de isolá-los de todos os perigos do mundo (até porque isso seria impossível). Eles devem aprender a se proteger também e isso vem com as experiências de vida.
– Não tenha medo de dizer não. Seja convincente porque as crianças percebem quando você está firme e não irá mudar de ideia.
– Diga sim com mais frequência. Autoridade tem a mesma raiz da palavra autorizar. Não banalize o não.
– Não imponha apenas. Sempre explique o por quê da regra. Caso seja uma situação de perigo eminente, aja primeiro, explique depois.
– Entenda que é normal que seu filho fique chateado com você e não espere que ele obedeça de imediato. Dê um tempo para que ele entenda e então cumpra.
– Saiba quando ceder, saiba quais brigas comprar. Você não pode vencer todas as batalhas e o caminho para educar é longo. Talvez o mais longo que a gente já trilhou nessa vida.
O livro ainda aborda outros assuntos e tem receitas bem bacanas e até um exemplo de cardápio das creches e escolas francesas.
Muitas dicas do livro já venho pondo em prática tbm aqui com os meus. Nesse momento, para mim, o mais difícil está sendo manter a paciência. Pq eu nunca me coloquei em segundo plano pq os filhos chegaram. E Heitor está numa fase de testar os limites e, com isso, a nossa paciência… Nunca disse tanto não na minha vida. E só digo para aquilo que realmente precisa. Mas, assim como vc, cuidar da casa, marido, de mim e dos filhos sem ajuda, não é mole não!
Eu estou desconstruindo isso há algum tempo Mirela. De me colocar em segundo lugar, sabe? Sempre fiz isso e não é bom para ninguém.
Mas força aí que as coisas vão se ajeitando, a gente vai aprendendo a lidar melhor com essa nova condição de mãe de dois e de todo o resto.
Bjo pra vcs
Michelle, eu sempre pensei que se eu estivesse bem, meus filhos tbm estariam, por isso não me coloco em segundo plano. Há quem possa achar que é egoísmo da minha parte, mas eu não deixo de cuidar de mim por isso. Nossa rotina é muito carregada, cansativa, apesar de prazerosa. Mas eu quase surtei quando Heitor tinha uns 8 meses. Então deixo os dois com o pai e vou ao salão, vou ao shopping e fico o tempo que tenho vontade, pois no dia-a-dia, sou mãe em tempo integral, parei de trabalhar para isso e não me arrependo. Pense assim que vc consegue, se vc estiver bem e feliz, todos à sua volta estarão! bjo.
Oi. Estou no capítulo 5 do livro e tenho adorado a leitura! Achei o modo frances de criação de filhos bem razoável e mmuita coisa do livro eu já praticava na pura intuição.
Aproveitei a manha de hoje para fazer a receita de bolo do final do capitulo 4. Delicioso!!!! Em vez de frutas ou gotas de chocolate nós usamos uma barra de chocolate meio amargo muito mal picada. Perfeito!!! Bjos